Casal gay que teve filhos com barriga de aluguel importa processo para o Brasil

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A Tammuz, agência israelense especializada em barriga de aluguel que já trouxe ao mundo cerca de 430 bebês, atua no Brasil por iniciativa do israelense Roy Rosenblatt-Nir, pai de duas crianças, o menino Saar e a menina Rotem

Torcida brasileira em Tel Aviv na Copa de 2014: Roy, Ronen e os filhos Saar e Rotem. Foto: Reprodução
O menino Saar e a menina Rotem, nascidos em 2011. Foto: Reprodução
A menina Rotem e o menino Saar: gerados em barriga de aluguel, cada um é filho de um dos pais. Foto: Reprodução
Roy (à frente) e Ronen Rosenblatt-Nir moraram no Brasil e hoje vivem em Tel Aviv, Israel. Foto: Reprodução
Roy e Ronen Rosenblatt-Nir com as crianças. Foto: Reprodução
O menino Saar e a menina Rotem. Foto: Reprodução
Purim é um feriado judaico. 'É parecido com o carnaval, mas menor', explica Roy. Foto: Reprodução
Família visita as montanhas de Jerusalém em janeiro de 2015. Foto: Reprodução
Ronen e Roy Rosenblatt-Nir. Foto: Reprodução
Roy e Ronen em seu casamento em Toronto, Canadá, no dia 4 de outubro de 2010.  À esquerda está a juíza e à direita, a mãe de Roy. Foto: Reprodução
Ronen e Roy Rosenblatt-Nir. Foto: Reprodução
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Roy Rosenblatt-Nir, 39, morou no Brasil entre 2008 e 2014, quando atuou como cônsul para assuntos econômicos de Israel. Ele veio acompanhado de seu namorado, hoje marido, o médico Ronen Rosenblatt-Nir, 36. Nesse período, os dois se casaram no Canadá (em 2010) e decidiram ter filhos. Mas se depararam com um País que dificultava o processo. No Brasil, a única forma de aderir a esse procedimento era a "barriga solidária", com a participação de uma familiar até a quarta geração. O que significa que, para ter um filho gerado por uma mulher que não é a mãe da criança, você precisa que sua mãe, sua irmã, sua filha ou uma prima de primeiro grau esteja disposta a emprestar a barriga dela para a sua empreitada.

Escolhemos uma mulher que tinha nossas características físicas. Ela até parecia um pouco com minha irmã!
Sem opções, os dois procuraram a agência de auxílio à reprodução Tammuz, em Israel. Ali tiveram acesso a uma série de alternativas. Escolheram uma doadora de óvulos de um banco da África do Sul com o qual a agência trabalha. A escolha é feita com base em informações como histórico médico, fotos atuais e da infância e um parágrafo que a pessoa escreve sobre si mesma. "Escolhemos uma mulher que tinha nossas características físicas. Ela até parecia um pouco com minha irmã!", conta Roy.
Logo em seguida, os espermatozoides dos dois viajaram para a Índia, onde estavam as duas mulheres que serviriam como barrigas de aluguel. A doadora de óvulos escolhida viajou da África do Sul até a Índia para deixar seus óvulos, uma vez que a coleta de óvulos deve ser feita no mesmo país onde a barriga de aluguel receberá os embriões.O casal viajou até Israel para deixar seus espermatozoides. Mais do que um bebê, eles produziram logo dois. Cada um teve seu sêmen recolhido separadamente e o material genético de cada um foi para uma barriga de aluguel diferente, gerando dois embriões, cada um com um pai biológico e a mesma mãe, a doradora sul-africana. Essa foi uma opção do casal. Eles poderiam ter escolhido ter apenas um filho, com o material de um dos dois.
O procedimento nem sempre dá certo na primeira vez. Dessa forma, o casal recebeu primeiro o menino Saar, em 16 de julho de 2011. Em 9 de dezembro do mesmo ano, após três tentativas, nasceu a menina Rotem.
Após as duas viagens para a Índia, a família viveu no Brasil por mais três anos, até o final do mandato de Roy como cônsul, que expirou em 2014. "Todo mundo ficou encantado quando voltamos para o Brasil. Todos achavam que tínhamos adotado, porque a barriga de aluguel não era muito difundida no País", conta Roy.
"Gay baby boom"
Em Israel, você não pergunta para um casal gay se eles vão ter filhos e sim quando vão ter filhos. Se o Brasil passar pela mesma revolução, haverá uma sociedade diferente e bem mais disposta a aceitar homossexuais
Atualmente, a família mora em Tel Aviv, em Israel. Roy conta que grande parte das crianças na escolinha de seus filhos têm pais gays e que o país vive um "gay baby boom". "Em Israel, se você conhece um casal gay, você não pergunta se eles vão ter filhos, você pergunta quando eles vão ter filhos. Se o Brasil passar pela mesma revolução, haverá uma sociedade muito diferente e bem mais disposta a aceitar homossexuais", opina.
Tammuz no Brasil
Ao retornar ao Brasil com os filhos, Roy e Ronen foram procurados por amigos que tinham interesse na barriga de aluguel. Eles ajudaram um casal gay de Governador Valadares, em Minas Gerais, a passar pelo mesmo processo, também com duas barrigas diferentes.
Esse caso despertou em Roy a ideia de trazer a Tammuz para o Brasil. Hoje ele é o diretor da filial brasileira. "Ficamos muito surpresos porque a procura foi muito além da expectativa". Em dois seminários realizados em novembro de 2014 em São Paulo e no Rio de Janeiro, mais de 150 pessoas manifestaram interesse. Roy observou cerca de dois terços de procura por homossexuais contra um terço por heterossexuais.
Até o momento, há 21 casos em andamento no Brasil, sendo sete héteros e 14 gays. Desses, seis já estão "grávidos", um casal heterossexual e cinco homossexuais. A agência não exige que sejam casais para dar início ao processo, nem faz distinção por orientação sexual.
Passo a passo
Quem deseja passar pelo processo com a Tammuz deve entrar em contato pelo site ou pelo e-mail (brasil@tammuz.com).
O casal recebe informações sobre o processo e, se concordar, assina o contrato.
Veja na ilustração todas as etapas do processo:

Como se viu, o primeiro passo é escolher a doadora de óvulos. Os brasileiros costumam optar pelo banco de óvulos da África do Sul devido à semelhança física, explica Roy.
Outra opção é usar os óvulos da própria mulher (em casais héteros ou lésbicos) ou ainda de uma amiga ou familiar que esteja disposta a fazer a doação. Nesses casos, é necessário que a mulher se desloque até o país onde mora a mulher que será a barriga de aluguel.
O futuro pai também precisa se deslocar para fazer sua coleta de esperma. No caso da Tammuz, há três possibilidades de local para coleta: Estados Unidos, Israel ou Nepal. Para a coleta nos Estados Unidos ou Israel, é cobrada uma taxa adicional de 1.500 dólares (cerca de 4.500 reais). O material não pode ser congelado no Brasil e enviado porque a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não permite que material biológico seja transportado para o exterior.
O esperma pode ser coletado assim que o casal desejar, pois será congelado logo em seguida. Cerca de seis semanas depois, é feita a coleta da doadora de óvulos no país onde mora a mulher que será barriga de aluguel.
No mesmo dia em que os óvulos são coletados, é feita a inseminação em laboratório. O número de óvulos coletados varia entre 8 e 20. Cerca de metade dessa quantidade formará embriões. Por exemplo, com 16 óvulos doados, serão formados cerca de 8 embriões na inseminação. Mesmo com um volume mínimo de sêmen é possível fazer a inseminação.
Cinco dias depois da inseminação em laboratório, dois embriões formados são inseridos na barriga de aluguel. A ideia é formar pelo menos um feto, mas podem ocorrer gêmeos. Não são inseridos mais de dois porque gravidez de trigêmeos ou mais já é considerada de risco. Se os dois não derem certo, serão inseridos mais dois e assim sucessivamente.
Estatísticas
A cada dois embriões:
Há 70% de chances de pelo menos um se desenvolver
Há 25% de chances de os dois se desenvolverem (gêmeos)
Há 30% de chances de nenhum se desenvolver
Gravidez
Os clientes acompanham toda a gravidez, recebendo relatórios médicos e resultados de exames (como ultrassom, por exemplo) por e-mail, além de contarem com equipe médica disponível para tirar dúvidas. Eles são avisados sobre quando será o parto e devem comparecer ao hospital com três dias de antecedência.
Após o parto, a mulher que atuou como barriga de aluguel não tem contato com o bebê, que é levado diretamente aos novos pais. Estes são orientados no próprio hospital sobre como proceder com as crianças (aprendem a trocar fraldas e alimentar os bebês, por exemplo). Após a liberação do hospital e os trâmites burocráticos (certidão de nascimento e passaporte do bebê, que são tirados na embaixada do Brasil nos países), a família já pode voltar para casa.
Custos
Os preços variam de acordo com os planos que os clientes podem escolher, disponíveis nosite (valores em dólares).
Para um processo no Nepal, por exemplo, os clientes podem pagar 37 mil dólares (cerca de 111 mil reais) em um plano básico em que a doadora de óvulos será uma amiga ou familiar do casal. Com uma doadora do banco de óvulos da África do Sul, o valor chega a 50.500 dólares (cerca de 151.500 reais).
No entanto, problemas no processo podem elevar o custo. A cada nova tentativa, são cobrados 3.500 dólares (cerca de 10.500 reais) adicionais. A cada nova viagem da doadora, são gastos 7 mil dólares (cerca de 21 mil reais) adicionais.
Para o plano com garantia, são pagos 67 mil dólares (cerca de 201 mil reais) fixos e a Tammuz garante pelo menos um filho.
Se o processo for realizado nos Estados Unidos, os preços variam de 120 mil a 150 mil dólares (cerca de 360 a 450 mil reais).
As viagens e hospedagens são por conta do casal.
Fonte: iGay

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